Arquivo de fevereiro, 2022

CLARIM DE VENEBRA – EDIÇÃO #1

Publicado: 18 de fevereiro de 2022 em tibia
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Local onde é produzido o Clarim de Venebra, na sede da Guilda dos Feiticeiros. Na imagem: uma foto do jogo Tibia, com o personagem dentro de uma sala que parece um laboratório, com itens diversos espalhados pelo chão.

O CLARIM DE VENEBRA – EDIÇÃO #1

EDITORIAL

Você tem em mãos o CLARIM DE VENEBRA, informativo quinzenal que vai trazer as novidades sobre o mundo de Venebra e seus habitantes. A edição da primeira quinzena vai trazer uma visão geral sobre o que anda ocorrendo em nosso mundo, enquanto a edição de segunda quinzena será sempre uma entrevista com alguma personalidade.

A ideia do jornal surgiu de uma iniciativa vista no mundo de Antica, capitaneada pelos membros da Guilda Red Rose e não poderia deixar de dar os devidos créditos pela excelente ideia. Espero que apreciem a leitura tanto quanto apreciei a produção!

– Axel Wolferic, pesquisador, poeta, jornalista e membro da Order of Raccoon.

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DOENÇA DO PÂNTANO SEGUE AFLIGINDO CIDADÃO POBRES DE VENORE

Entrevistando Ottokar no seu abrigo em Venore. Local onde é produzido o Clarim de Venebra. Na imagem: uma foto do jogo Tibia, com o personagem dentro de uma de uma cabana de madeira, com várias pessoas doentes deitadas em camas de palha e falando com um homem com roupas de mendigo.

Mais uma vez a cidade de Venore foi invadida por cidadãos enlouquecidos devido à Doença do Pântano e nenhum dos prósperos mercadores da cidade parece preocupado em fazer algo para impedir que isso continue ocorrendo.

Tentei conversar com todos os donos de armazéns e autoridades na cidade, mas o único que tenta fazer algo é o mendigo Ottokar, que vive em um barraco embaixo da saída oeste da cidade. Outrora um rico mercador, gastou toda a fortuna da família para tentar ajudar os atingidos pela doença, mas seus esforços não tem sido o suficiente. De acordo com suas palavras, “Os ricos conseguem proteção contra o doentes e se curar caso sejam infectados, de modo que ninguém liga para os pobres morrendo”.

Caso ache em algum lugar uma bolsa medicinal, ela deve ser doada a Ottokar para que ele possa curar os doentes. Ele também aceita doações em dinheiro.

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HUMOR (com Bozo, o Bobo da Corte Real)

Sabe por que os orcs estão sempre verdes?
Porque comem a comida da Taverna do Frodo!

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Quer receber o CLARIM DE VENEBRA em sua caixa de correio? É só mandar uma carta para nosso editor Axel Wolferic. Receba o jornal onde estiver!

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Também estamos abertos para sugestões de matérias e entrevistas. Este jornal é de todos os habitantes de Venebra!

Uma foto de diversos fios de conta brancos de Candomblé, junto com um colar de fios de palha e um chapéu Panamá.

(texto escrito em 07/01/2022, durante meu recolhimento de sete dias no Quarto de Santo da Tenda de Umbanda Caboclo Pai Laje, quando estava me iniciando no Candomblé como filho de Oxalufan)

Estou neste exato momento trancado em um Quarto de Santo, acabei de participar de um rito muito importante aqui no meu terreiro e estou meio que esperando o próximo ato. Não sei que horas são.

Este é o sexto dia da minha iniciação e ficarei por aqui por pelo menos mais um dia. Só posso sair daqui para os atos e ir ao banheiro. Infelizmente, não posso dar mais detalhes do que acontece aqui, pois as questão de mistérios e segredos são levadas MUITO a sério, com juramentos que tem como consequência a nossa morte se forem quebrados.

Então por que estou escrevendo isso no meu caderno de estudos da iniciação? Sinceramente, não sei.

Sairei daqui uma nova pessoa e fiquei uma semana inteira sem notícias do mundo. Este mundo encontrará um novo eu e eu encontrarei um novo mundo. Eu não sei o que vai ser desta relação e acho que queria ter um registro daqui de dentro, antes de tudo mudar.

(texto escrito em 09/01/2022, ainda no Quarto de Santo)

Saio deste Quarto de Santo hoje, mas tenho sérias restrições para os próximos 21 dias, o que inclui o uso de internet. Ou seja, este texto não será postado tão cedo.

Vou ler e escrever muito nos próximos dias…

D.E.S.I.S.T.O. – I

Publicado: 5 de fevereiro de 2022 em Ocultismo
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Uma foto de uma imagem de um Buda sorridente ao lado de algumas flores branca.
Uma foto de uma imagem de um Buda sorridente ao lado de algumas flores branca.

(escrito originalmente no início do Século XXI)

Havia alguns meses que eu possuía esse tomo em minhas mãos. O encontrei após um E.S.P., nos subterrâneos de um templo de adoração a Baco. Naquele dia eu estava bêbado de cerveja e pinga e não entendi nada do que estava escrito nele.

Mas hoje, exatamente 23 dias depois, estou embriagado de chá e, quando fui pegar um livro da minha mochila, o tomo caiu em minhas mãos e eu o compreendi! Finalmente as bênçãos de Éris, São Tiby e Onam recaíram sobre mim e não me resta nada mais nada menos que repassar o que venho traduzindo do livro sagrado “PENSO, LOGO D.E.S.I.S.T.O.”, do grande mestre Buda Desertor!

“Eis que em frente a pixels brilhantes & ululantes a verdade me é revelada! Como não pude fazê-lo antes? Me ajoelho perante ao quadrado verde que mede o tempo & me diz que ele passa-passa-passa sem parar & constato que tempo perdido é tempo útil! Preciso de uma dose de cafeína & outra de nicotina, mesmo tendo prometido a alguém muito importante que não faria isso nos dias inúteis. Em meus sonhos eu previ quem ganhará o programa “My Own” que passará ano que vem. Pena que ano que vem esse programa já terá sido cancelado. Eu sou o Buda conhecido como o Desertor.”

– Extraído do grande tomo de sabedoria “PENSO, LOGO D.E.S.I.S.T.O.”, de autoria creditada ao Buda Desertor.

Por quanto tempo Bill Murray viveu o mesmo dia em O Feitiço do Tempo?  Diretor responde · Rolling Stone
Uma foto do filme “O Feitiço do Tempo”, com Bill Murray segurando um microfone de repórter e olhando para a câmera, com uma multidão atrás dele.

A primeira vez que assiste “Feitiço do Tempo” fiquei aterrorizado. Tinha 15 anos, estava um uma fase gótico depressiva (o que basicamente significa que não pegava ninguém na escola nem em lugar nenhum) e saí da casa do meu amigo onde assisti ao filme com muito medo de acordar no dia seguinte estar no mesmo dia.

Não havia sido um dia particularmente ruim. Fui para a escola, depois me reuni com uns amigos na casa de um deles, vimos pela milésima vez clipes de rock que meu irmão gravava da MTV, tomamos chá, falamos merda e no dia seguinte íamos jogar RPG. Mas no momento em que nos despedimos e falamos “até amanhã”, com muito receio acabei emendando um “até hoje”, tentando disfarçar com um certo senso de humor o medo que estava sentindo. Vejam bem, cogitei NÃO DORMIR para garantir que o dia fosse acabar e viesse o dia seguinte!

Obviamente, o dia seguinte veio e tudo ocorreu normalmente. Teve escola. Teve RPG. Teve mais clipes, mais chá, alguns salgadinhos e o medo se foi. Mas foi uma noite bem aterrorizante e ainda tenho calafrios quando lembro dela.

Vi este filme algumas vezes de lá para cá. Hoje tenho o DVD e é um daqueles “filmes conforto” que a gente assiste quando está sem nada para fazer em um feriado, uma tarde de férias ou uma noite de insônia. Você filme, se sente bem com a vida e carrega aquela sensação consigo por um tempo.

Hoje este filme me causa sensações diferentes. O medo de ficar preso no mesmo dia deu lugar à uma reflexão de o que faria se acabasse em uma situação como aquela. E duvido que teríamos reações muito diferentes da do protagonista.

Vejam bem, a descoberta de que não importa o que façamos naquele dia, todas as consequências serão anuladas (inclusive a própria morte), obviamente nos levaria a testar todos os tipos de possibilidades, e a régua vai subindo cada vez mais. Bill Muray come muito, bate em pessoas, beija senhoras, comete crimes, transa adoidado e por aí vai.

Mas tudo isso uma hora enche o saco. Até as coisas mais excêntricas e incríveis perdem a graça quando viram rotina. E aí bate aquela deprê.  Ele tenta se matar, mas nem isso funciona. Continua acordando no mesmo quarto de hotel ao som de “I got you, baby”.

(Aliás, já ouviram a versão desta música com a Cher, Beavis e Butt-Head? É boa demais!)

E aí só sobra pra ele fazer o que nunca tinha tentado antes: ser uma boa pessoa. E atingindo esta espécie de paz zen dentro da loucura de estar sempre preso no mesmo dia, acaba se libertando do que é que estava o prendendo ali.

Eu entendo muito isso porque tive um processo muito parecido (em escala menor, obviamente) em uma fase da minha vida que batizei de “beatnik” (sim, o movimento lite´rario mesmo).

Assim como Bill Murray, estava desgostoso da vida e me sentindo bem perdido. Sem emprego fixo, fazia frelas e bicos para te grana o suficiente para pagar as saídas de fim de semana (isso quando meus amigos não me bancavam). Estar longe de ter um emprego fixo, aliado ao fato de eu estar solteiro, me davam uma certa liberdade que foi muito bem aproveitada quando falamos em curtição, bebidas, drogas e sexo.

Só que uma hora aquilo tudo, por melhor que fosse (e me falavam que eu estava numa vibe “vivendo o sonho”, “que eu era livre”, “você é nosso Tyler Durden”, “olha o Dean Moriarty aqui” e coisas do tipo), uma hora parou de fazer sentido e ficou chato. Conheci pessoas nesta época que estavam na mesma sintonia que eu e continuam assim até hoje, mas pra mim não dava mais.

E aí resolvi começar a dar um rumo pra minha vida. Foi um processo lento, difícil, com muitos tropeços, diversas recaídas, mas acredito que consegui usar os aprendizados daquela fase para me tornar uma pessoa melhor estar aqui, com esta configuração que para muitos “é o Alessio”.

Então, hoje, assistir este filme é entender tudo o que o Bill Murray passou, o que eu passei, e o que fizemos para sair daquilo e chegar aonde chegamos. E a sensação é boa. Acho que vou ver o filme de novo esta semana.