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Eu estava esperando o maldito ônibus elétrico para ir encontrar o pessoal no shopping quando vi a Gláucia do outro lado da rua, saindo da casa dela com aquela menina que tinha me apresentado outro dia. Estavam carregando algumas malas e iam entrar na garagem da casa quando me viram. Acenaram simpaticamente e atravessei a rua correndo na primeira oportunidade. Vendo aquelas malas, resolvi dar uma de engraçadinho e soltei, todo irônico:

– Estão indo viajar, é?

As duas trocam olhares e Gláucia respondeu:

– Na verdade só a Camila. Ela vai voltar pra cidade dela.

A surpresa da notícia deve ter ficado mais do que evidente na minha cara, já que a Camila confirmou:

– Na verdade eu sou de Lençóis Paulista. Vim só passar uns dias aqui. Vou embora hoje, mas volto assim que der, tá?

Eu ainda estava digerindo toda a informação. Ela morar no interior não era o problema em si, mas sim o modo como eu havia eu agido quando as duas foram me visitar em casa há quase uma semana…

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O sujeito continuava esmurrando a porta do banheiro e parecia impaciente. Jonh Constantine voltou-se para o vampiro:

– Que tal terminarmos nosso papo em uma mesa, bebendo algo?

Cassidy não acreditava no que estava ouvindo:

– Tá achando que sou otário? Na primeira oportunidade vai querer fugir e cê não sai daqui sem me responder tudo sobre a morte do Brendan!

Do lado de fora continuavam esmurrando a porta. O inglês suspirou:

– Escuta, daqui a pouco a porta vai abrir de qualquer jeito e acredito que quanto menos chamarmos a atenção é melhor para nós dois, certo?

O vampiro pareceu pensar sobre o assunto e John continuou:

– Além disso, você já me viu, sabe onde vivo. Nada te impede de me encontrar de novo. Eu só quero sair desse banheiro imundo e desfazer esse mal-entendido de maneira mais civilizada.

Realmente as palavras do mago tinham certo sentido. Cassidy havia captado o cheiro dele e poderia rastreá-lo facilmente. Teria suas respostas de um jeito ou de outro, portanto a ideia de resolver isso sentado e bebendo não era tão ruim. Caminhou até a porta do banheiro e a abriu. Havia um homem grande, careca e barbudo que parecia bem irritado:

– As duas bichas já acabaram de se chupar pra eu poder usar o banheiro, porra?

Cassidy agarrou o sujeito pelo colarinho e o puxou para dentro do banheiro.

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Por essa Cassidy não esperava. Achava que iria pegar John Constantine de surpresa, mas ele é quem foi surpreendido! Subitamente, se lembrou de tudo o que ouviu a respeito do inglês e pensou se algumas daquelas histórias poderiam ser verdadeiras… Besteira! Já tinha visto muito picaretas por aí enganando pessoas com a postura e papo certos. Realmente a sua entrada havia sido um tanto quanto impressionante, mas seria necessário mais do que isso para impedir Cassidy de saber a verdade sobre a morte de Brendan Finn. Não se deixou intimidar e retrucou:

– E que caralho cê sabe sobre o que tô fazendo aqui?

Estava mais do que óbvio que o vampiro fora pego de surpresa e estava sem saber como agir. Constantine se permitiu sorrir por dentro. De presa havia passado para predador. Talvez o deixasse sair daqui inteiro para poder avisar os outros e assim não ser mais incomodado. Mas precisava continuar o jogo até ter certeza disso. Deu mais uma tragada antes de responder:

– Sei muito mais do que pensa e, repito, realmente não vale a pena. Imagino que esteja me culpando pelo que houve, mas acredite, tudo foi consequência dos atos dele.

Então Constantine sabia o que houve com Brendan! Cassidy cerrou os dentes e os punhos:

– Escuta aqui, seu punheteiro filho da puta: os outros podem ter caído nesse seu papinho de merda, mas comigo não vai funcionar. Cê pode falar a verdade agora, enquanto está com todos os dentes, ou tentar depois com a porra do maxilar quebrado. Cê que sabe.

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Algo despertou a mente de Constantine. Tinha alguma coisa estranha no local. Alguma coisa não humana. Com o tempo você aprende a sentir isso. Era uma espécie de cheiro, não no sentido físico da coisa, mas espiritual mesmo. Havia treinado a técnica para perceber espíritos não visíveis, mas com a prática era possível ver e identificar qualquer coisa não humana. O problema não era haver algo não humano no pub. O que realmente deixou o mago preocupado foi sentir esse algo olhando diretamente para ele! Agora precisava saber quem e o que era, sem deixar o observador perceber que fora notado. Esfregou os olhos e fingiu pegar um cigarro enquanto se concentrava no cheiro.

Era um vampiro.

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Constantine. Quanto mais Cassidy descobria sobre esse nome, mais irritado ficava. Havia anos que não vinha para a Irlanda – sua terra natal – e quando resolveu voltar para visitar seu velho amigo Brendan Finn, descobriu que o sujeito estava morto. Foi encontrado dias depois da sua morte em sua velha adega subterrânea, seu corpo já em estado de decomposição, com um copo de cerveja vazio em mãos. Ficou sabendo que a causa oficial da morte foi cirrose, mas soube que duas pessoas estiveram em sua casa perto da data estipulada do falecimento. Uma delas ele ainda não conseguiu descobrir quem foi, mas soube rapidamente que a outra era John Constantine.

Perguntando aqui e ali, descobriu muito sobre ele. Parecia que vinha bastante para estes lados e todos os donos de bares e pubs lembram de ter visto ou ouvido falar nele, mas ninguém o conhecia profundamente. Muitos diziam que ele era um charlatão inglês que se passava por bruxo e ganhava a vida aplicando golpes em crédulos mundo afora. Outros diziam que era um trambiqueiro profissional que ganhava a vida comprando e vendendo objetos raros contrabandeados. Também disseram que vivia do dinheiro que ganhava jogando pôquer. Alguns poucos não chegavam a afirmar que ele realmente era um bruxo, mas diziam que coisas estranham sempre aconteciam com ele e com quem estava por perto. Porém uma informação era consenso: Constantine era um cara perigoso e andar com ele significava correr perigo. Mais de uma vez ouviu estórias de “um amigo de um amigo” que tinha morrido ao cruzar o caminho do inglês. Eram pessoas perfeitamente sãs que se matavam, assassinatos em circunstâncias misteriosas, internações em hospitais psiquiátricos, desaparecimentos nunca solucionados. Todo mundo tinha uma opinião sobre John Constantine e nenhuma era boa.

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Constantine. A simples menção deste nome em certos círculos abriria as portas para o Paraíso ou para o Inferno, seja metafórica ou literalmente falando. A família Constantine parecia carregar uma espécie de maldição e praticamente todos os seus membros se envolveram com o ocultismo, fossem como carrascos ou como vítimas. Mas o inglês John Constantine elevou a fama da sua família a níveis nunca antes alcançados. Diziam por aí que se aproximar demais dele era se aproximar da morte e essas histórias não eram nem em pouco exageradas. Caso houvesse apenas inimigos mortos a situação não seria ruim, mas havia amigos e amantes entre a pilhas de cadáveres que se amontoava ao redor dele. E alguns contavam que até mesmo vampiros ancestrais, anjos e demônios pereceram ao medir forças com o mago inglês. Quando indagado pessoalmente sobre a veracidade dessas histórias, John Constantine se limitava a sorrir, soltar a fumaça do cigarro e dizer: “É o que dizem”, numa imitação sarcástica de outro sujeito com a iniciais JC, Jesus Cristo.

Porém até um canalha como ele às vezes precisava de um descanso, deixar a armadura de lado. Havia poucos lugares onde podia fazer isso, poucas pessoas que mereciam tamanha confiança. Brendan Finn era uma dessa pessoas e a sua casa um desses lugares. Era um casarão que mais parecia um castelo e ficava em um local isolado da Irlanda. Quando as coisas pesavam demais, passava alguns dias por ali, longe de tudo e todos, deixando a magia e os engodos para trás. O irlandês era amigo de longa data de Constantine e haviam rodado boa parte do mundo bebendo, brigando e aplicando golpes a torto e direito. Mas Finn cansou-se dessa vida, arrumou uma companheira e passou a viver neste local.

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